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A Velhice
Não consigo imaginar-me sendo uma velhinha com 80 anos, porque significava que teria que fazer o dobro da minha idade e ainda falta muitos anos para decorrer esse caminho tão grande. Devido também à sociedade em que estamos inseridos com muito stress, e diversos factores no nosso quotidiano que cada vez mais tiram a qualidade de vida a muitas pessoas cada vez mais cedo.
Eu sei que não deveria ter uma atitude negativa sobre a minha longevidade, porque sou uma pessoa católica e penso que a chegada da nossa hora da morte está nas mãos de Deus.
Sinto-me muito sensibilizada com o que tem acontecido à minha geração em relação ao aparecimento constante da doença do cancro, que tem aparecido a muitas pessoas com diversas idades e a partir dos quarenta anos. Também este factor faz-nos pensar que ninguém está livre desta situação, em qualquer idade e que seria hipócrita e devido ao aparecimento de certas doenças próprias da velhice que ia chegar aos oitenta e tal anos.
Outro factor que me preocupa muito na minha actual idade e que leva a ter este lado oposto de vir a ser velhinha e como iria ser, tem a ver com o constante cansaço de cada vez mais trabalho e poucos colegas de trabalho. Com isto estou a referir-me no meu desgaste físico e mental a curto prazo.
Estes textos sobre a velhice que eu escolhi são, para mim, muito interessantes porque é com grande admiração e respeito que gosto de apreciar, e conviver com pessoas da terceira idade. São pessoas muito encantadoras a contarem mais ou menos o passado da vida delas, e terem uma certa qualidade de vida e alguma autonomia.
Neste texto d´ A Balada para uma velhinha, acompanhada de uma música de Martinho d’ Assunção cantada em fado é comentada a grande admiração e valorização da existência de uma velhinha. Encontrando-se esta velhinha sozinha, e sentada à sombrinha num banco de jardim com um rosto com algum ar de frescura. Sendo um pouco triste vê-la metida na solidão vista por alguém, que vai idealizando o seu passado e as dificuldades ultrapassadas na sua vida de pobreza. Apesar de ela estar a passar a fase da velhice, que se torna por um lado num grande desgaste físico e mental de tantos anos de rigidez nos ossos e na alma, é valorizada por alguém que relembra a sua mãe que já morreu.
No texto A minha mãe demente, é abordada a situação entre a relação existente entre filho e mãe no passado e no presente. Em que o filho assiste aos vários problemas de saúde mental da mãe relacionados com o avançar da velhice. Retrata a história de um filho e a relação existente com a mãe, e que relembra a inteligência dela, e o apoio que lhe dera no passado, nos ensinamentos de mãe para filho, e que presentemente o seu filho estava um Homem, a mãe estava envelhecida e com a memória muito esquecida. Os seus gestos e os actos praticados por ela ao ensinar matemática. E este agora era um assunto pertencente ao passado por oposição à memória muito esquecida que muito afecta as pessoas que caminham para a velhice.
Para este filho, tornam-se dias difíceis ao ver a sua mãe durante a noite a andar pela casa, sem razão de ser e desorientada sem saber qual a tarefa que ficou por fazer. E ele nota que “ desconhece “ a mãe que ainda existe no presente e a que teve no passado.
Também ele pensou por instantes na piedade que sentia e sofria com todas estas situações e atitudes da mãe.
Tudo isto contribuía e tinha para o seu filho um significado de uma enorme saudade dos tempos passados, e na aceitação de como a vida na velhice de sua mãe estava a decorrer mal. Este filho deparava-se com a desorganização mental de sua mãe, devido à sua doença que o fazia pensar e reflectir sobre a existência na relação impiedosa, e o que seria melhor, se a vida ou na morte.
No texto a máquina de fazer espanhóis foi despejado, num lar, um velhote e levado pela sua filha que se chamava Elisa, que o instalou para ali morar. E tudo isto porque lhe tinha falecido a sua mulher, Laura, com quem o seu pai teria vivido durante algum tempo e teria sido também a sua companhia diária.
Este velhote sentia-se inconformado com todas as situações existentes no lar na ocupação dos quartos devido ainda a ser uma pessoa lúcida e ainda andar pelos seus próprios meios. Ele teria pensado que no seu quarto virado para um jardim que apesar das grades na janela, poderia sentir-se melhor ao apreciar as crianças a brincarem e as pessoas a circularem por lá. Apesar deste velhote não se sentir conformado, ao olhar para os sacos da sua roupa, que era naquele lar que iria viver presentemente. Mas a ele despertou-lhe a atenção lá existir outros velhotes com pior situação que a dele em serem pessoas já acamadas e que tinham as janelas viradas para o cemitério.
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Entretanto a sua filha despediu-se do seu pai com um beijo na sua face, após ele já ficar mentalizado de ali ficar a morar por ter pendurado alguma roupa no armário do seu novo quarto do lar, com muita tristeza.
Ao vê-la ir-se embora para ir ter com o marido e os seus netos sentiu-se um velhote abandonado e com vontade de sentir ódio pela atitude da sua filha. Mas este velhote não consegue sentir esse sentimento, que pensou por momentos, pelo amor que sente pela sua filha e família.
Ele tenta ambientar-se com as paredes brancas do lar, apesar de ver que a sua família vi-as fora dali com paredes de muitas cores. Isto tinha um grande significado para este velhote que a vida da sua filha era muito alegre e cheia de felicidade com a restante família.
No texto que é comentado, No dia dos meus noventa anos, este velhote levanta-se às cinco da manhã como habitualmente à sexta-feira, para escrever mais uma das suas crónicas publicadas aos domingos em El Diário de La Paz. Ele começa por falar que ainda ele era muito pequeno, e tinha apanhado piolhos que apareciam na almofada e voavam pela sua cabeça.
E para ele ir à escola teve que rapar o cabelo pois só tinha sabão para lavar a cabeça que não matava os piolhos.
Este velhote sentia que a crónica que estava a escrever sobre os seus noventa anos deveria ser expressada como forma de glória por ter alcançado aquela idade e viver a velhice.
Ele, aos seus quarenta e dois anos, começou a notar certas dores nas costas e, ao ir ao médico, e notou que ele não deu grande importância à sua situação. Apesar de ele ter achado que era já da velhice, o seu médico sorriu-lhe com um ar de que ele apenas estava a proceder como um filósofo por ter pensado e dito aqueles que sintomas já eram do começo da “velhice”. E o seu médico expressou-se bem por saber muito bem que aquela dor era natural naquela idade ainda tenra. A velhice ainda vinha longe, e a prova disso foi quando este velhote passados mais alguns anos começou a ver mal.
E na quinta década é que este escritor já velhote começou a ter as primeiras falhas de memória ao procurar os óculos por toda a parte da casa. E depois esta situação começou a repetir-se noutras circunstâncias no dia a dia, da vida da sua velhice de reconhecer os nomes das pessoas e não saber distinguir dos rostos das fotografias.
Sendo assim ele lamenta esta grande falta de memória que lhe tinha trazido estes dissabores apesar de ter que sentir uma glória em ter alcançado noventa anos que tem a noção de ter bastante idade da sua existência da vida.
O texto da fábula tradicional dá uma lição de moral em relação a aprender a lidar com os velhotes dada por uma criança de oito anos, que tem um bom coração. Por mais idade que as pessoas tenham, há sempre muito a aprender. Era uma vez uma família, um pai, uma mãe, um avô que era o pai do pai e o filho de oito anos. O seu avô já tinha muita idade e tremia muito das mãos, e o seu filho e a nora começaram a ficar aborrecidos com a maneira de o idoso comer, tremia por todo o lado, as suas mãos velhinhas já não conseguiam segurar os talheres e levar a comida à boca, por essa razão entornava tudo no chão e sujava as toalhas todas, o que causava ainda mais aborrecimento ao seu filho e nora.
O filho, irritado, arranjou uma tigela de madeira e bruscamente disse ao pobre pai que a partir deste momento ia começar a comer sentado na soleira da porta da rua porque era mais fácil de limpar.
O netinho com o coração repleto de amor e carinho pelo avô, e vendo estas injustiças praticadas frente aos seus olhos, começou a talhar com um canivete uma tigela em madeira. O pai perguntou-lhe o que ele estava a fazer, quando de repente o filho sem tirar os olhos do que estava a fazer respondeu ao seu pai, «estou a fazer uma tigela de madeira para quando fores velhinho, para quando não conseguires levar a colher à boca e entornares tudo no chão.»
O pai ouvindo uma resposta destas e sensibilizado com a reacção do filho e também, com o exemplo que estava a dar ao seu próprio filho mudou de imediato de atitude para com o seu pai, dando-lhe de comer todos os dias.
As pessoas gostam de um toque humano, segurar na mão, receber um abraço afectuoso, ou simplesmente um toque amigável nas costas. Principalmente um idoso que precisa tanto de carinho e amor ao ver-se envelhecido por dentro e pelo seu aspecto exterior. Ele sentia-se pelos maus modos de ser tratado pelo seu filho, que o ignorava e desprezava.
O fluxo da vida torna-se suave e constante, rico em alegria, amor e entusiasmo, quando nos permitimos sentir bem pelo que desejamos no nosso interior, e pelas pessoas com quem convivemos. Qualquer desejo que um velhote queira realizar com a nossa ajuda deveríamos colaborar com ele para o fazer feliz com a vida. O que acontece, na maioria das vezes, é que deixamos de imediato, entrar as frases de travão ao nosso desejo e assim deixamos de fazer um gesto ou palavras de ternura e carinho para com o outro, mas todos nós temos estes momentos infelizes. É próprio do ser humano que falta muito para chegar à perfeição. Retomar o fluxo de harmonia pode muitas vezes não ser fácil, mas podemos tornar esse processo cada vez mais simples.
Neste caso foi preciso o filho com duas palavras ditas ao seu pai, para lhe chegar ao coração e de facto fazer ver ao seu pai que estava a ter um comportamento incorrecto. O amor que sentimos por nós mesmos, assim como a auto-imagem de merecimento e valor, têm que ser restaurados e elevados ao máximo.
É um direito de todos os seres humanos viver em estado de Excelência e Bem-estar porque um dia também vamos ser velhos. Por essa razão devemo-nos lembrar que quando vemos um idoso é a nossa imagem futura, e devemos auxiliá-lo em tarefas que necessite ou nos possa pedir ajuda para as concretizar. E pensarmos que um dia vai-nos chegar a velhice e deveremos tratá-los como gostaríamos que nos tratassem quando chegarmos a essa idade.
Com este trabalho realizado, concluí que é fundamental aprendermos a lidar com as pessoas da terceira idade porque são pessoas com muita experiência de vida, e merecem todo o nosso amor, carinho, ternura e consideração pelos seus gestos limitados que a velhice lhes proporciona ao longo da vida.
Apenas faz-me bastante confusão e refilo com os jovens que gozam com os velhotes e fazem troça deles.
E por tudo isto costumo dizer-lhes que um dia vão ser velhos e que não vão gostar nada de serem gozados e chamados de velhos.
EFA- A1 Heloisa Silva
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