terça-feira, 15 de junho de 2010
A Velhice
É um facto que os idosos que hoje em dia moram sozinhos ou se encontram em casa dos filhos passam muitas horas sem companhia, especialmente os que se encontram acamados. Os que ainda se conseguem mexer vão dando os seus pequenos passeios, se prestarmos um pouco de atenção encontramo-los frequentemente a jogar às cartas no parque.
Após ter visto na televisão um documentário sobre o tema da terceira idade, e este me ter despertado alguma curiosidade, porque a minha avó estava a atravessar essa fase, decidi elaborar uma pequena pesquisa, através da qual descobri textos e um fado, que demonstram esta etapa da vida, em diversas vertentes relacionadas mais concretamente com a solidão, a tristeza dos idosos quando são colocados no lar, os primeiros sinais da chamada “velhice” e também as atitudes negativas que os mais jovens têm para com os idosos. Com é o caso da Balada para uma velhinha composta por José Carlos Ary dos Santos, que evidencia um pouco da solidão que os idosos passam. Esta é agravada muitas vezes com a falta de compreensão dos parentes mais próximos que os internam nos lares demasiadas vezes por não terem condições para lhes prestar melhores cuidados é motivo de tristeza para muitos avós.
O texto A minha mãe demente do autor Pedro Paixão, retirado do livro O Mundo é Tudo o que Acontece, refere o início de alguns sintomas que podemos associar à terceira idade; já com o excerto do livro Memórias das Minhas Putas Tristes tive a noção de como nos vamos apercebendo dos sintomas da velhice; o excerto do livro a máquina de fazer espanhóis demonstra um pouco do que sentem os idosos quando são internados no lar para a terceira idade. Com a leitura da fábula de Intermitências da Morte do autor José Saramago apercebi-me que por vezes não temos a melhor atitude para com os nossos avós.
Com a leitura dos textos pude notar que, à medida que a idade vai avançando começam a aparecer os primeiros sinais de demência, o esquecimento do próprio nome e leva muitas vezes o idoso a perder-se, como é demonstrado no texto a minha “mãe demente” de Pedro Paixão.
Esse facto leva muitas vezes os familiares desses doentes a perderem a paciência relegando frequentemente os seus cuidados a enfermeiros ou para lares muitas vezes sem que estes idosos queiram lá ficar. Esta é uma atitude que muitos idosos vêem com revolta. No entanto não é só por doença que muitos idosos são colocados em lares como demonstra o texto de Valter Hugo Mãe no livro A máquina de fazer espanhóis em que após morte da sua mulher, Laura interna o pai no lar para grande tristeza deste.
À medida que a idade vai avançando, os id osos já não conseguem comer sozinhos, porque quando as suas mãos começam a ficar trémulas e ao comer, por exemplo, sujam a toalha, ou deixam cair talheres, na maior parte das vezes os mais novos não têm tanta paciência como deveriam ter. Esse facto é demonstrado na fábula do autor José Saramago em que o avô já nem consegue comer sozinho e o seu filho chega ao ponto de o pôr o comer na soleira da porta para que não suje a mesa, e onde acaba por ser o neto a elaborar uma artimanha para chamar a atenção do seu pai ao demonstrar que será esse mesmo tipo de tratamento que ele no futuro receberá, sendo esse comportamento errado, como o filho do idoso vai acabar por reconhecer.
Todavia quando somos mais novos, e começam a aparecer os primeiros sintomas, “uma dor nas costas que incomoda a respirar” e os médicos não dão importância dizendo que “é uma dor natural da sua idade”. Em que nos habituamos a acordar em cada dia com uma dor diferente que vai mudando de forma à medida que os anos passam. No fundo são vários os sintomas que à medida que os anos passam se vão impondo, e que por cada ano que passa se acentuam até que por fim deixam de ser capazes de realizar as mais simples tarefas sem ajuda, mesmo a sua alimentação tal como demonstra o livro Memorias das Minhas Putas tristes do autor Marquez, Gabriel Garcia.
Na minha maneira de ver, a terceira idade é uma etapa a que talvez todos nós chegaremos, no entanto muitas vezes os idosos são desrespeitados pelos mais novos que acabam, na maior parte das vezes, por gritar quando estes fazem algo errado, ou simplesmente não conseguem segurar um copo e acabam por entorná-lo porque as suas mãos já não são tão fortes como quando eram jovens. Esquecemos frequentemente o ditado popular “Filho és pai serás, assim como fizeres, acharás”, no entanto quando formos idosos é certo que não queremos ser tratados com a aspereza e indiferença com que tratamos muitas vezes os mais velhos. Se perdêssemos tempo para os ouvir poderíamos aperceber-nos que eles nos podem ensinar sempre coisas úteis.
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Para quem tem mais de 65 anos
ResponderEliminarIvone Boechat (autora)
1 - Tome posse da maturidade. A longevidade é uma bênção! Comemore! Ser maduro é um privilégio; é a última etapa da sua vida e se você acha que não soube viver as outras, não perca tempo, viva muito bem esta. Não fique falando toda hora: “estou velho”. Velho é coisa enguiçada. Idade não é pretexto para ninguém ficar velho. Engane a você mesmo sobre a sua idade, porque os psicólogos dizem que se vive de acordo com a idade declarada!
2 - Perdoe a você antes de perdoar os outros. Se você falhou, pediu perdão? Deus já o perdoou e não se lembra mais. Mas você fica remoendo o passado... Não se importe com o julgamento dos outros. Só há dois times no Universo: o do Salvador e o do acusador. Neste último você sabe quem é goleiro. Continue no time do Salvador.
3 - Viva com inteligência todo o seu tempo. Viva a sua vida, não a do seu marido, dos filhos, dos netos, dos parentes, dos vizinhos... Nem viva só pra eles, viva pra você também. Isto se chama amor próprio, aquilo que você sacrificou sempre! Nunca viva em função dos outros. Faça o seu projeto de vida!
4 - Coma muito menos; durma o suficiente; não fique o dia inteiro, dormindo, dando desculpa de velhice. Tenha disciplina. Fale com muita sabedoria. Discipline sua voz: nem metálica, nem baixinha; seja agradável!
5 - Poupe seus familiares e amigos das memórias do passado. Valorize o que foi bom. Experiências caóticas, traumas, fobias, neuroses, devem ser tratadas com o psicoterapeuta. Não transforme poltrona em divã, ouvido em descarga.
6 - Não aborreça ninguém com o relatório das suas viagens. Elas são interessantes só pra quem viaja. Ninguém aguenta ouvir os relatórios e ver fotografias horas e horas. Comente apenas o destino e a duração da viagem, se alguém perguntar. Aprenda a fazer uma síntese de tudo, a não ser que seus amigos peçam mais detalhes. Se alguém perguntar mais alguma coisa, seja breve.
7 - Escolha bons médicos. Não se automedique. Não há nada mais irritante do que um idoso metido a receitar remédio pra tudo o que o outro sente. Faça uma faxina na sua farmácia doméstica.
8 - Não arrisque cirurgias plásticas rejuvenescedoras. Elas têm prazo curto de duração. A chance de você ficar mais feio é altíssima e a de ficar mais jovem é fugaz. Faça exercícios faciais. Socorra os músculos da sua face. Tome no mínimo oito copos de água por dia e o sol da manhã é indispensável. O crime não compensa, mas o creme compensa!
9 - Use seu dinheiro com critério. Gaste em coisas importantes e evite economizar tanto com você. Tudo o que se economizar com você será para quem? No dia em que você morrer, vai ser uma feira de Caruaru na sua casa. Vão carregar tudo. Não darão valor a nada daquilo que você valorizou tanto: enfeites, penduricalhos, livros antigos, roupas usadas, bijuterias cafonas, ouro velho... prataria preta, troféus encardidos, placas de homenagens. Por que não doar as roupas, abrir um brechó ou vender todas as suas bugigangas, apurar um bom dinheiro e viajar?
10 - A maturidade não lhe dá o direito de ser mal educado. Nada de encher o prato na casa dos outros ou no self-service (com os outros pagando); falar de boca cheia, ou palitar os dentes na mesa de refeições (insuportável).
11 - Só masque chiclete sem testemunhas. Não corra o risco de acharem que você já está ruminando ou falando sozinho.
12 - Aposentadoria não significa ociosidade. Você deve arranjar alguma ocupação interessante e que lhe dê prazer. Trabalhar traz muitas vantagens para a saúde mental, além do dinheiro extra para gastar, também com você.
Leia o texto na íntegra:
http://espacolivredoportal.blogspot.com.br/2012/06/para-quem-tem-mais-de-65-anos-ivone.html